quarta-feira, 30 de junho de 2010

"...abrirmos a cabeça, para que afinal floresça o mais que humano em nós."


O começo sempre será difícil. Conhecer o novo, sair da zona de conforto e de segurança. Ir além, ir após. Começar é uma tortura para chegar em algo que será extramente ótimo ou não. Começar é dar o primeiro passo, não vacilar. Começar é abrir a janela de manhã, respirar bem fundo e saber que daqui meio minuto os abençoados problemas do dia irão surgir. Começar é trocar o pão pelo biscoito, o frito pelo assado, descobrir o gosto da rúcula aos 23(ERRR). Começar é saber que cebolas são disfarces para quem tem vergonha do choro, e que as piadas sem graça é a desculpa de quem a tem como o único motivo para o riso. Amores virão depois das paixões, palavras certas sempre virão depois das erradas, a resposta certa virá quando o ato errado foi cometido, televisões novas estragam e garantias são perca de tempo, o telefonema mais esperado irá chegar enquanto estamos tomando banho com o rádio no último volume, as cartas não chegam, nem os e-mails, nem a esperança, as taças caras quebram como os copos de extrato de tomate, analfabetos ganham o país e poemas de Alice Ruiz passam sem aclamação. Começar pode ser aos 17. Pode ser aos 30. Pode ser aos 85. Começar pode ser ao som de Marvin Gaye ou no apaixonar de Chico. Debaixo de uma mangueira, debaixo de uma chuva torrencial. Começar em Porto Alegre, pousar em Curitiba, recomeçar na Avenida Paulista, dormir no braços de Cristo e “passar uma tarde em Itapuã, ao sol que arde em Itapuã, ouvindo o mar de Itapuã...”. Começar é de repente perceber que já se está na metade do caminho. Começar é dar mais valor ao tempo que temos e descobrir como é uma tortura o tempo que não temos. Começar é dar possibilidade de que alguma coisa aconteça aqui ou em Amsterdã. O beijo é o começo do amor. O amor é o começo do plano. O plano é o começo do caos. O caos é o começo da família. A família é o começo dos herdeiros. Os herdeiros são o começo do futuro. E o futuro já não é mais tão perto e nem tão para a gente. O futuro, aparentemente é o fim que nos espera. Espera para começar."

domingo, 27 de junho de 2010



O jeito dela tinha mudado, havia ficado mais direta, quieta e solitária. Falava demais pra distrair as pessoas do sentimento de vazio que ela tinha no peito, precisava resolver só e não queria ninguém pra dividir isso. Ainda era bem humorada, apesar disso parecer meio contraditório. Tinha amizades reservadas, sem muitos detalhes íntimos com medo (ou vergonha) de se intrometer demais na vida dos outros.
 
Essa vida viu, Zé. Pode ser boa que é uma coisa. Já chorei muito, já doeu muito esse coração. Mas agora tô, ó, tá vendo? De pedra.Nem pena do mundo eu consigo mais sentir.  Agora ninguém mais abusa da minha alma pelo simples fato de que eu não tenho mais alma nenhuma. Já era, Zé. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito, Zé? Sentiu o barulho de granito? Quebrou o braço, Zé? Desculpa!
 __________
Adeus Zé!
 

sábado, 26 de junho de 2010

sexta-feira, 25 de junho de 2010



Abençoadas sejam as dádivas generosas que vêm nos lembrar que viver pode ser mais fácil. Que amar e ser amado pode ser mais fluido. Que dá pra girar o dial. Que dá pra sair da frequência da escassez e sintonizar a estação da disponibilidade, onde alegrias já cantam, mas a gente não ouve. Abençoadas sejam as dádivas que vêm nos lembrar, com alívio, que há lugares de descanso para os nossos cansaços. Que há lugares de afrouxamento para os nossos apertos. Que dá pra mudar o foco. Que não é tão complicado assim saborear a graça possível que mora em cada instante.

Abençoadas sejam as dádivas generosas que nos surpreendem. Elas não sabem o quanto às vezes, tantas vezes, nos salvam de nós mesmos.
 
___________________________________________________________________________________
 
Rô obrigada  pelo apoio e pelo  carinho. Obrigada por sempre me ouvir.
Você é maravilhosa. Não tem noção o quanto você me faz bem.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

 
Quer ouvir uma verdade? Tem coisa que machuca a gente de um jeito intenso e que, ao invés de melhorar, faz arder e queimar, deixando em carne viva. Uma das coisas mais importantes para mim é enxergar o outro. Antecipar as necessidades, talvez. Seja com um carinho, um beijo, uma palavra, uma atitude, um abraço, um silêncio, um grito. Até mesmo um berro é importante, tirar de dentro o que corrói os sentimentos, se expor, demonstrar, fazer. O tempo passa, as coisas vão se ajeitando, tudo vai sendo esquecido e o egoísmo impera. Não sou a toda poderosa, também sou egoísta. Mas procuro, até demais, olhar para quem está ao meu lado e tentar entender o que acontece dentro da pessoa. Profunda? Sim, muito. É tanta profundidade que cansa, me cansa, te cansa, cansa o universo. No meio disso, tento ser mais rasa, mas descubro que sentimento tem que ser profundo, senão não sobrevive.
Seria um erro esperar mais? Mais compreensão, mais doação, mais paciência, mais cuidado com o que sai da boca, mais emoção, mais verdade e menos palavras soltas e fogo de palha. Era para ser tão simples, afinal, a vida não é difícil como dizem nos livros. O ser humano não é tão complexo quanto alguém inventou um dia. Somos bichos, não somos? Agimos por instinto, fico me perguntando: será que é uma pena termos sentimentos? Porque somos julgados a toda hora por isso, por sentir. Por ser.Por amar. Não sei se eu sei amar direito. Talvez não saiba, mas existe uma forma certa, um jeito certo de amar? Talvez fosse melhor não ser tão inteira. Mas eu seria eu? Talvez, talvez eu fosse um eu-sem-sentimentos. Tudo se resolveria, estaria aí a grande chave para a felicidade? Não ter sentimentos, apenas deitar nos embalos divertidos da vida, sem responsabilidades, sem prestar contas com a consciência, sem nada de nada: apenas diversão, sorrisos, alegria. O que me faz bem permanece comigo, o que é ruim eu tento sufocar e se não der, babaus, jogo no lata de lixo mais próxima. Fim.
Quer me magoar? Diga que não sabe, adie, esqueça, diga que não tem certeza. Eu descobri: palavra para mim é coisa quase sagrada. Não que eu seja santa e imaculada, não que você seja sujo e imprestável. Mas procuro pensar bem antes de machucar. Prefiro ter conversas sérias olhando no olho. Prefiro entender que se algo é importante para você, vamos resolver, vamos falar sobre isso. As coisas não se resolvem pegando só o lado bom. A vida não é uma garrafa de Coca-Cola ("viva o lado bom da vida"). A vida, muitas vezes, é uma garrafa de uísque bem xexelento.

Tem gente que confunde as coisas. Não sou uma boneca, a gente não vai brincar o tempo inteiro, não posso ir para o quartinho de brinquedos, não pode me guardar no armário, não dá para me colocar na estante e pegar quando quiser. Eu também confundo as coisas. Ninguém sente igual a mim, ninguém gosta de tudo muito claro e transparente, às vezes as pessoas só querem viver. Sem porquês. E eu penso: por que questiono tanto? Não seria mais fácil ficar quieta e nadar de acordo com as ondas? Pode ser. Mas não consigo prender a respiração por muito tempo.
 
 
 "Dramática é uma palavra muito forte, porque nada em mim dói de brincadeira. Se eu tô dizendo que feriu, é provável até que eu esteja minimizando o quanto para não culpar o "culpado". Infelizmente é a minha atual realidade. Não acho que eu seja o último ser-humano da face da Terra, muita gente passa por isso, mas como disse Elis Regina - "As pessoas estão ressabiadas de dizer que GOSTAM das outras"
E o mais cruel não é nem a capacidade das pessoas fazerem isso com as outras, mas a incapacidade de se colocarem no lugar daqueles que são criticados. Todo mundo me diz o que fazer e como agir, mas ninguém tenta se colocar no meu lugar por um segundo e tentar entender os motivos das minhas ações, a minha vida, o que me ocorre, os meus problemas (nem os reflexos das ações alheias, diga-se de passagem), e tantas outras coisas que são indiscriminadamente desprovidas de qualquer tipo de maldade, de qualquer tipo de intencionamento ou qualquer coisa que seja propositadamente negativa mesmo com quem talvez merecesse um justo sacode. E a ausência dessa maldade não faz de mim uma pessoa boa nem melhor que qualquer outra. Só faz de mim alguém que ainda pensa carinhosa e cautelosamente em qualquer pessoa que eu seja capaz de amar e perdoar"

quarta-feira, 23 de junho de 2010

E continuou a nevar todos os dias daquela semana, até que uma tarde a chuva se recolheu e o sol se abriu. Uma silhueta de luz perfilava as colinas, cobrindo as sombras com uma muralha invisível. Despalpebrava o crepúsculo. E o calor derreteu a tempestade em pó, ressuscitando minhas asas de gelatina. Minhas asas não haviam secado, embora estivessem sepultadas a um palmo de neve. Me descongelo então. E me deixo voar, sem medo de me estilhaçar do infinito outra vez. É bonito sentir as coisas. Especialmente as que você não pode mais tocar. Tem noites, em que meu coração fala dormindo, em sonhos. Mas ninguém o escuta. Minha janela ainda está batendo os dentes, à espera de não sei mais que. Sobre ela, um passarinho que quase não canta, tapa seus olhos com as mãos, como se minha solidão o ferisse. Mas é assim quando se perde um amor. A gente perde também o poder de ave. Todavia, ninguém pássaro tem culpa de cair das alturas, quando é guilhotinado pelo vento. É preciso emplumar as asas, arfando os vazios. Quando menos se espera, bem de mansinho, lá longe, do alto onde os pássaros se encontram. A tristeza bate as asas, e se perde aos olhos da gente.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Aos que perdem por orgulho...


Corre o tempo. Perguntei-me se eu ia terminar os meus dias assim: como um destes personagens de Jane Austen, escapulidos das páginas de um livro à procura de uma possibilidade de amor. Desde que ele se foi, passaram-se vários dias sem que eu tivesse notícias dele. Encantoei os olhos na ponta da escrivaninha e avistei um aparelho telefônico que me reparava de esguelha, com a testa franzida, como se quisesse me mostrar algo inovador que ainda não fiz: "telefonar". Imediatamente, recobrei o juízo: "como uma coisa tão simples pode se tornar tão difícil" ? Derramei na alma uma coragem, que no fundo não tinha. Peguei o telefone e respirei fundo. Foi quando a própria respiração tentou me sufocar. Hesitei, e por um instante não consegui engolir nem a própria saliva, tinha a consistência de aço inoxidável ferrítico ACE -P4 39A. Suspirei perdida, formulando minhas dúvidas em voz baixa: "este telefone não existe, é só uma miragem que insisto em teclar". Mas tratava-se de uma emergência. Eu não podia partir sem deixar ao menos um coração a inventariar. Antes de falar, parei um instante para recuperar o fôlego e conjugar os verbos que se revoltaram e fizeram uma rebelião no céu da boca, fazendo de refém a minha língua que ficou presa entre os dentes. Não penso, logo, eu ligo. E abençoados sejam meus ouvidos! Finalmente consegui discar o seu número. Tive a impressão de que meus dedos se afundavam entre as teclas enquanto as garras do fio se embaraçavam em meu pescoço, apertando minha garganta como um cipó espinhento. Eu o levei com pouca ou nenhuma coragem até o ouvido, e por sorte, tinha um sinal anêmico de: "fora de área". A secretária eletrônica atendeu. Minha voz ficou dependurada de cabeça para baixo na caixa postal, matando enforcado o seguinte recado: "me deixaria voltar a vê-lo, se eu pedisse"?


P.S.: Vocês estão de prova. Eu tentei.

segunda-feira, 21 de junho de 2010



Não digo que espero, assim de sentar e esperar. Um caminho é feito de passos. E ainda que seja pelas beiras, não posso tirar os olhos de mim. E eu conto mesmo é com o que sonhamos lá em cima antes de pousar e que neste momento não me lembro, só sinto. Aprendi a rir dos argumentos do relógio. Esperança é uma palavra longa de se trilhar. A pressa é só por fora. Não se diz "acabou" assim tão sem som. Isso só acontece quando a boca não acompanha o passo do coração. Meus sentidos estão mortos de fome, entende? Algumas letras destas aqui, escorregaram entre os dedos e preciso apará-las rapidamente, antes que percam o caminho de volta pra dentro. É que eu também sei que aqui ninguém quer de verdade desistir. Não antes que a Doutora especializada nos Direitos dos Sonhadores, que eu contratei, consiga interditar de vez aquela loja de utensílios sem valor. Sob a acusação de venda indiscriminada de armaduras. Ela bem disse que é causa ganha. A gente vive é de se curar. Deus não inventaria feridas que não fecham. E eu sei que te devia esta página, que passei uma noite toda estudando.Um rito franco de asas e pontes. É que eu entendi que aquele não "não" nunca foi seguido de certezas e armaduras tem suas fendas...

domingo, 20 de junho de 2010

o mundo não quer que eu me distraia...


Por alguns longos minutos pra mim, fiquei pesquisando a doença que me acometia. Seria por isso que eu não conseguia estudar? Não conseguia prestar tanta atenção nas tramas corriqueiras… Orgânicamente eu rejeitava o que não usaria, nem a metade de toda essa tanta tagarelice?! Desinteresse, branco, indiferença?

Eu fui ficando alí, cada vez mais… Saindo… de mim! Feito menininha que passeia cantando baixinho, uns passinhos e um salto, mais passinhos, mais um salto… E eu sentada, distante e tão dentro dela, me pareceu que demorei tempos para voltar aos pensamentos de antes… Alí tão distraída… Quem sabe que eu não era doente?! Quem sabe que eu só me distraía, como naquele momento em que possuía toda a beleza do mundo…
Eu nunca pensei que pudesse gostar The Offspring. E pior nunca pensei em decorar as musicas daquele CD que nem era meu.

Uma das minhas músicas preferidas é Half-Truism


E sabe, olhando bem o vocalista  não é tão bobo como eu pensava. Ele é até bonitinho pô...rS

É como já dizia José Saramago

"Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso?  Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem”

sábado, 19 de junho de 2010


Amanheci em cólera. Não, não, o mundo não me agrada. A maioria das pessoas estão mortas e não sabem, ou estão vivas com charlatanismo. E o amor, em vez de dar, exige. E quem gosta de nós quer que sejamos alguma coisa de que eles precisam. Mentir dá remorso. E não mentir é um dom que o mundo não merece...

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Outro dia eu pedi para o anjo que abrisse as portas todas para mim. Principalmente as do meu coração que estavam travadas, trancadas, emperradas e enferrujadas. E, ele voôu meu bem, sem me fazer pensar em nada bom. Mas, no sonho, tive um encontro muito interessante com outro ser (talvez outro anjo) em uma sala marron que tinha apenas uma janela com cortinas envelhecidas, esse outro anjo me olhava e dizia rindo "abre-te sésamo" e a cortina abria, assim, deixando a luz entrar. O sol, eu sentia o calor nas minhas mãos, dentro do meu coração e a luz não ofuscava, era lindo lá do outro lado e, quando ia saltar a janela - já sobre ela - eu percebia que sala marron estava amarela (a cor mais alegre do mundo!), a de nome mais lindo também, por que amar-elos são os maiores presentes dessa vida, os que possuem mais cor.

É essa a cor da minha saudade. É essa a cor - amar-elo - que quero. E daqui pra frente dedicar mais tempo para amar aqueles que já amo (ainda mais, bem muitão), tempo para amar essas pessoas que nos aparecem, de surpresa, pela vida (essas pessoas tem muito a nos dizer, a compartilhar conosco) , tempo para fazer coisas boas para o semelhante, para o planeta, para mim mesma.

Quanto ao anjo da minha janela, sei que ele voôu daquele jeito para ir buscar, lá depois do azul do céu (onde quer que seja esse depois), esse sonho lindo que te contei, que foi um presente, um afago. Meu bem, os anjos existem. Eu os vejo. E eles curtem histórias (rss), e curtem muito os nossos sorrisos e se importam se choramos e nos dizem que vai ficar tudo bem (sempre). Eles nos tratam como as crianças que somos diante do Universo. Crianças ávidas por respostas, realizações e afeto. Eles acham isso lindo porque um dia foram como nós!

Aí depois desse sonho bom, eu fico assim sorrindo para cada porta que se abre. Nem que abra só um pouquinho. Por que porta aberta é passagem para o novo. E, tenho seguido assim, buscando não olhar para trás. Eu quero o 'daqui pra frente', cheio de coisas boas e essas lágrimas estão se aquietando. Quero me perceber feliz novamente, essa fase toda sendo passado e disso tudo ficar só o que aprendi (que não foi pouca coisa). Me quebrei em mil pedaços, ainda juntando os cacos, mas achando super válido tudo. Por que não sou de fugir das coisas, por que é na dor que a gente se transmuta, se lapida e percebemos a nossa fortaleza interior. Mil pedaços ultra fortes em busca de felicidade - isso sou eu me reconstruindo. Sim isso é possível, observe o mar - todo feito de gotas, e tantas outras coisas. Meu bem é possível e eu vivêncio isso hoje.

Então...

Vou ficar bem sim, a gente sempre se consola e a vida segue (em frente!). Apenas sinto que mudei. Mudei assim para um lugar melhor dentro de mim. E, nesse lugar, estão todos vocês que me são caros, todas as minhas saudades e sentimentos, todas as memórias, todos os pensamentos, todos os sentidos, todas as canções, luas, sóis, flores, água, fogo, terra e ar. Toda a vontade de encontrar alguém que fale "abre-te sésamo" e, depois de tanto tempo, o meu coração - finalmente - abrir-se em flor, fruto, raiz, amar-elo e real.

quinta-feira, 17 de junho de 2010



Você já reparou o quanto as pessoas falam dos outros? Falam de tudo, da moral, do comportamento, dos sentimentos, das reações, dos medos, das imperfeições, dos erros, das criancices, ranzinzeis, chatices, mesmices, grandezas, feitos, espantos. Sobretudo falam do comportamento e falam porque supõem saber. Mas não sabem,porque jamais foram capazes de sentir como o outro sente. Se sentissem não falariam.

(Nelson Rodrigues)

Talvez eu não seja exatamente quem eu gostaria de ser, mais passarei a admirar a pessoa boa que me tornei. Porque no final saberei que mesmo com incontáveis dúvidas eu sou capaz de construir uma vida melhor. E se ainda não me convenci disso é porque "ainda não chegou ao fim". Porque no final não haverá nenhum "talvez"e sim a certeza de que minha vida valeu a pena!


quarta-feira, 16 de junho de 2010


 
Escorados apenas na ponta das pálpebras, que vergam como folhas de junquilho. Meus olhos estão se pondo. Apoiei-me  nas costas do tempo, como se pudesse aparar a neve que me cobre as feições. Não sinto mais frio. Afrouxo os nós, desamarro os cadarços, fico descalça.  Preciso serenar, assoprando ao vento os meus porquês. Por que não ouve o meu silêncio, se dentro de você ele faz um escândalo em voz alta? E você continua andando pelos campos de concentração emocional, como se não estivesse me escutando. Heróis de verdade, não deixam feridos para trás. Eu não pretendo ficar muda, mas essa distância faz de nós, estátuas de cinza. Nossos pés carregam passos de despedida, mas deixam um rastro rubro na memória, arrastando todas as lembranças que encontra pelo caminho. Superioridade. Separação. Segredo.  Somos assim. Corações anoitecidos só com o gosto de sonho na boca.  Sustentados apenas por vasos rijos serrilhados em forquilhas. Eu não vou passar, mas você vai. E vou acompanhá-lo até que eu não encontre em você nenhuma magia. Me entrego aos caminhos e me confundo com o vento. Deixo voar os pontos finais, cedendo lugar às reticências. Nunca me dei bem com definitividades. A maneira como suportamos o vazio é o que determina se merecemos que ele se encha.

terça-feira, 15 de junho de 2010


'Livrar-se de uma lembrança é um processo lento, impossível de programar. Ninguém consegue tirar alguém da cabeça na hora que quer, e às vezes a única solução é inverter o jogo: em vez de tentar não pensar na pessoa, esgotar a dor. Permitir-se recordar, chorar, ter saudade. Um dia a ferida cicatriza e você, de tão acostumada com ela, acaba por esquecê-la. Com fórceps é que a criatura não sai.'
.
.
.


 "E tem dias de decisões. Nenhuma lágrima mais, nenhum lamento! Plantarei um World Trade Center inatacável dentro do meu coração. Cavalgarei quatro luas no cavalo que você me deu para a noite engolir o escuro que há dentro de mim. Acenderei uma alameda de velas para te celebrar. No dia de teus anos, acompanhada dos seres que amam sem medo, vou, em procissão, pedir à Mãe que te liberte para amar assim. Pedirei também que sua vida seja boa e feliz. E construirei uma capela na colina mais bonita, para lembrar a Deus que tenho esperanças. Sento ali e espero um milagre. E depois de 50 anos, se nada acontecer, morro eu, cansada por sofrer dores físicas a cada dia que meu corpo gritou pelo seu. E olha que eu só queria andar de mãos dadas e viver contente a seu lado".

segunda-feira, 14 de junho de 2010

 
 'O amor da minha vida eu encontrei, tem nome, é de carne e osso, e me ama também. Agora falta encontrar alguém com quem possa me relacionar. É que o homem da minha vida não cabe em mim e eu não caibo nele. Não basta que a gente se queira há muitos anos. Não basta nossos namoros longos, os rompimentos e a teimosia de desejar mais daquilo que não há de ser. Não presta que ele me visite pra acabar com as saudades e fuja correndo de pernas bambas e um bumbo no peito. Não importa que eu esqueça meu nome depois, nem que me perca num oco, ou que os sentimentos corram de ambos os lados, intensos e desarvorados. Não basta que haja amor para se viver um amor. Eu e ele somos as cruzadas da idade média, o Osama e o Tio Sam, o preto e o branco da apartheid, o falcão e o lobo, o Feitiço de Áquila. Seus mistérios me perturbam e minha clareza o ofusca. Tenho fascínio pelo plutão que ele habita, e ele vive intrigado por minha vênus, mas quando eu falo vem, ele entende vai. Enquanto ele avista o mar eu olho pra montanha. Quando um se sente em paz o outro quer a guerra. É preciso me traduzir a cada centímetro do caminho enquanto ele explica que eu também não entendi nada. Discordamos sobre o tempo, o tamanho das ondas, a cor da cadeira. O desacerto é de lascar, e não há cama que resista a tantas reconciliações - um dia a cama cai. '



sábado, 12 de junho de 2010



Já que ela não era uma pessoa triste,
procurou continuar como se nada tivesse perdido.
Ela não sentiu desespero. Também o que é que ela podia fazer?
 Pois ela era crônica. Tristeza era luxo

quarta-feira, 9 de junho de 2010


"Uma das razões pelas quais Deus criou o tempo
foi a de prover um lugar onde pudéssemos enterrar as falhas do passado".

terça-feira, 8 de junho de 2010

Crônica de Martha Medeiros



Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo: 'olha, não dá mais'. Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha acabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda o amava muito) com um e-mail, não é mesmo? Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu: mas agora eu to comendo um lanche com amigos'. Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava ser uma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais inteligente, ele não volta pra mim?
Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema. Nos meses que se seguiram eu me tornei dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta. E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia.
Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito!
Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas, quintupliquei o número de leitores do meu site e nada aconteceu. Mas eu sou taurina com ascendente em áries, lua em gêmeos, filha única! Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim.
Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida. Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida.
Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip, cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros, ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris. Como última cartada para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha. Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar. Resultado disso tudo: silêncio absoluto.

O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele.

Até que algo sensacional aconteceu...

Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher DEMAIS para ele. Ele quem mesmo???

"NASCEMOS E MORREMOS SÓS...........POR ISSO A NOSSA VIDA ESTÁ EM NOSSAS MÃOS.. .É UMA BAITA SACANAGEM DEIXAR PRO OUTRO A RESPONSABILIDADE DE NOS FAZER FELIZ, POIS SOMOS TOTALMENTE RESPONSÁVEIS PELA VIDA QUE OPTAMOS TER!!!!"
SE TORNE UMA PESSOA LINDA PRA VC MESMA, RECONHEÇA SEU VALOR... E SE ELE NÃO PERCEBÊ-LO(VALOR) POR ACHAR QUE EXISTEM OUTRAS COISAS OU PESSOAS MAIS IMPORTANTEs NA VIDA DELE: AH MINHA QUERIDA! SAI FORA! VC É MULHER DEMAIS PARA ELE!



“Nunca se deve engatinhar quando se tem o impulso de voar"
 
_____________________________________________________
 
Meu mundo vai voltar a ser colorido como antigamente.
 Alias, irá ser melhor.
Praticando o Desapego

Nivel 1

" Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos que já se acabaram. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas possam ir embora. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira."
___________________________________________________________________________________                                    

A partir de hoje começa um novo ciclo na minha vida. Vou deixar você ir embora do meu coração.

" O que passou,  jamais Voltará"
 
Estou aprendendo com os ventos. A mudar o rumo, sem qualquer explicação. 
Estou aprendendo com as estradas. A seguir em frente, e deixar que os caminhos me escolham.

domingo, 6 de junho de 2010


"A roda? Não sei se é você que escolhe, não. Olha bem pra mim - tenho
cara de quem escolheu alguma coisa na vida? Quando dei por mim, todo
mundo já tinha decorado a tal palavrinha-chave e tava a mil, seu
lugarzinho seguro, rodando na roda. Menos eu, menos eu. Quem roda na
roda fica contente. Quem não roda se fode. Que nem eu, você acha que eu
pareço muito fodida? Um pouco eu sei que sim, mas fala a verdade:
MUITO?"


Se eu pudesse escolher alguma coisa, escolheria TE ODIAR, mais não sei por que nessa vida o meu Destino é TE AMAR.

sábado, 5 de junho de 2010

quinta-feira, 3 de junho de 2010



''Parei, talvez, de odiar o amor. Mas o amor, na verdade, ficou lá. Duro que nem pedra. Daqueles que não vão embora nem com reza brava. Amor adolescente, pensei. Com certeza, se eu virar mulher, esse amor bobinho passa. Amor de menina boba. Tratei, então, de virar mulher. Quem sabe mudando de casa, esse amor não se mudava de mim? Nada feito. Casa nova, cama nova, novas contas pra pagar. E o mesmo coração idiota. O mesmo amor de sempre. Coisa chata, não?"

quarta-feira, 2 de junho de 2010

sobre a saudade que sinto...


"A saudade eterniza a presença de quem se foi. Com o tempo esta dor se aquieta,
se transforma em silêncio que espera, pelos braços da vida um dia reencontrar."