sábado, 25 de agosto de 2012


Não havia mais nada, e por um segundo, nenhum coração batia, nem mesmo o dela. Nada mais existia. As luzes estavam apagadas, o espetáculo já havia acabado e ninguém recebeu aplausos. Uma luz acendeu-se novamente e o espetáculo reiniciou-se. Todas as cordas que a ligavam ao mundo real estavam presas a um só ponto agora.

Um corpo quase celeste estava diante de seus olhos, era a coisa mais brilhante que já havia encontrado. O olhar fascinado de desejo e curiosidade da moça era evidente. Como não querer chegar mais perto? Ele era encantador.
Seu corpo movia-se com vontade própria, e antes de perceber, estava parada diante dele sem nada dizer. A sensação era como a de voltar a respirar depois de alguns longos segundos imóvel. Rápido, desesperado. Não foi nada parecido com qualquer coisa que ela já tivesse sentido.
"Criança, respondi sua ultima carta, mas resolvi vir trazer." - ele disse com um sorriso amplo que mostrava todos os seus dentes perfeitamente brancos.
Um sorriso apertado e o suspiro de alívio deixou claro que ele estava no lugar certo.


Elize Parenko, encontrando as luzes.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012



Procurou, buscou, cheirou, apalpou por algo surpreendente que a fizesse ficar. Uma palavra, um indício, qualquer coisa que soasse a: fique, este é o seu lugar. Não encontrou. Fechou a última mala com o desalento dos que partem raspando no fundo das lembranças o motivo, o motivo que os levaram até aquele lugar. 

Vanessa Souza in: Dos meus pedaços

sábado, 11 de agosto de 2012




Ela não teve medo de voar e se entregar ao infinito desconhecido. Ninguém deveria ter, se quer mesmo saber minha opinião. O infinito é só o começo e uma hora todos temos que começar.
Teve sensação de estar livre e sentiu o vento acariciar seu corpo, olhou o mundo de cima, viu o movimento e as luzes da cidade, reconheceu alguém de um sonho ou outro que tivera. Isso a fez sorrir. Quis saber como as coisas funcionavam dali de cima, será que alguém poderia avistá-la tão alto?
"Olá" - gritou o mais alto que conseguiu, mas sua voz fora levada pelo vento.
"As coisas aqui em cima são bem diferentes, pequena garota. Aqui você pode fazer tudo, até voar. Olhe para frente, não para baixo." - assustou-se ao perceber que a voz vinha de um pássaro pousado em sua mão.
A garota olhou para frente e viu a imensidão de pessoas que, como ela, também não tiveram medo de voar. Sorriu e desejou voar mais alto, ser mais veloz. Todos ali estavam com pássaros ao seu lado, uns negros e outros coloridos. Estranhou ao perceber que no lugar havia muitas crianças e doces, todas rindo e brincando entre si.
Abriu os olhos e novamente viu-se deitada no chão de seu velho quarto, sorriu ao perceber o motivo de haver muitas crianças lá em cima.

Elize Parenko, encontrando as luzes.

sábado, 4 de agosto de 2012





Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Entupo-me de ausências, esvazio-me de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos. Pouco não me serve, médio não me satisfaz, metades nunca foram meu forte! Todos os grandes e pequenos momentos, feitos com amor e com carinho, são pra mim recordações eternas. Palavras até me conquistam temporariamente… Mas atitudes me perdem ou me ganham para sempre. Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato… Ou toca, ou não toca.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Não é que eu queira demais, eu só não quero o comum.






Talvez eu até esteja errada, mas que se dane. Se uma pessoa não tem paciência nem pra conquistar minha confiança e afastar meus medos, o que eu posso esperar então? Sou quebra-cabeça de 500 mil peças, quem não tiver capacidade, tenta um jogo mais fácil. Eu supero e agradeço.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

"Coloca pra dois aí, amor"


Expectativa x Realidade.





Minha prima também já partiu meu coração. Uma vez brigamos e nos dissemos coisas feias. Também parti o dela, eu sei. Minha melhor amiga já partiu meu coração. Meu pai já partiu meu coração. Minha mãe. Meu irmão. E eu já parti o coração de todos eles. Oh, que pessoa horrível eu sou. Oh, que pessoas horríveis eles são. Que nada. Partir o coração do outro é a coisa mais natural do mundo. E só acontece porque a gente espera uma coisa e recebe outra. Isso se chama expectativa. Quando ela não é correspondida dá um vazio dentro do peito. Isso se chama decepção. E tudo isso existe desde que o mundo é mundo. Só precisamos aprender a lidar. Confesso que tento diariamente.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Egocentrismo.

  


Não sei se está tudo bem assim. Deve estar. Acho que ele se livrou de uma loucura enorme... ele não suportaria. Não as minhas crises de humor e loucura. Houve um tempo em que eu realmente tentei fazer dar certo, sabe, mas depois de pensar bem... onde é que nós chegaríamos? 
Foi melhor assim, agora minha vida é só minha, terei meus acessos de fúria e não vai ter ninguém para me olhar como se eu fosse louca ou coisa parecida. Não preciso de remédios, nem mesmo de um médico ou que alguém entenda. Até porque acho que ninguém entenderia... Só preciso ser minha as vezes. Preciso do meu espaço, do meu copo, minha toalha, meu cobertor, meu colo. Meu eu. Só um pouquinho as vezes...

seja bem vindo à nossa rotina.





Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé. Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que chegará setembro - e também certa não-fé, para não ligar a mínima às negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data. Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em frente.


Sugestões para atravessar agosto