quinta-feira, 31 de maio de 2012



Seu cheiro lento era perigosamente convidativo. É como dar uma droga a um viciado ou um pouco de vinho a um alcoólatra. Era errado querer mais daquilo, mas ele estava tão perto... Decidiu se aproximar só mais um pouco. Não decidi se foi por vontade ou por descuido, mas o passo foi um tanto mais longo e a distância ficou menor. Logo ela podia ver seu próprio reflexo nos olhos mais intrigantes que já encontrou. Quase que por impulso, olhou-os fixamente e tremeu ao sentir o poder que eles tinham sobre ela.
Suspirou mais fundo, querendo ser dominada por ele em todos os sentidos. Aquilo a matava lentamente. 
Ouviu uma voz baixa dizendo "querida chegue mais perto, um pouco mais", mas não conseguia se mover, ele a puxou envolvendo-a em um abraço quente. Encostou em seu cabelo liso e tão negro quanto uma porção de Ônix, aquilo a fez ficar corada, sorriu e beijou-o no canto do lábio.
Não havia mais nada a ser feito, seu objetivo estava concluído, ela estava completamente dominada.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

São lembranças, bons momentos.





E quem diria, que por mais que o tempo passe e você me machuque, eu ainda olho para o pôr do Sol, e quem está comigo vê como meus olhos ainda brilham se eu digo o seu nome…


O espelho de água

terça-feira, 15 de maio de 2012

e não há nada mais quente do que um abraço amigo.





Não é nenhuma novidade que dinheiro, viagens, status, beleza e outras coisinhas mundanas são sonhos de consumo de muita gente, mas não dão sentido à vida de ninguém. A única coisa que justifica nossa existência são as relações que a gente constrói. Só os afetos é que compensam a gente percorrer uma vida inteira sem saber de onde viemos e para onde vamos. Diante da pergunta enigmática - por que estamos aqui? - só nos consola uma resposta: para dar e receber abraços, apoio, cumplicidade, para nos reconhecermos um no outro, para repartir nossas angústias, sonhos, delírios. Para amar, resumindo.

sexta-feira, 4 de maio de 2012







O que você nunca vai saber: 
Não pretendo te contar sobre minhas lutas mentais. Você terá nas mãos minha simplicidade e minha leveza, que podem não ser totalmente verdadeiras, mas foram criadas com muito carinho pra não assustar pessoas como você. Não vou ficar falando sobre a complexidade dos meus pensamentos, minha dualidade ou minhas dúvidas sobre qualquer sentimento do mundo. Vou te deixar com a melhor parte, porque eu sei que você merece. Guardo pra mim as crises de identidade e a vontade de sumir. Não vou dissertar sobre minhas fragilidades e minhas inseguranças. Talvez eu te diga algumas vezes sobre minha tristeza, mas só pra ganhar um pouquinho mais de carinho. Ofereço meu bom humor e minha paciência e você deve saber que esta não é uma oferta muito comum. Você não precisa saber que eu choro porque me sinto pequena num mundo gigante. Nem que eu faço coisas estúpidas quando estou carente. Você nunca vai saber da minha mania de me expor em palavras, que eu escrevo o tempo todo, em qualquer lugar. Muito menos que eu estou escrevendo sobre você neste exato momento. E não pense que é falta de consideração eu dividir tanto de mim com tanta gente e excluir você dessa minha segunda vida, porque há duas maneiras de saber o que eu não digo sobre mim: lendo nas entrelinhas dos meus textos e olhando nos meus olhos. E a segunda opção ninguém mais tem.