sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

 
Eles não sabiam ao certo o motivo de estarem ali, sem tomar qualquer atitude. Olhar para a menina causava-lhe arrepios na nuca, ver seus olhos quentes ascendia toda e qualquer célula do seu corpo. Tinha vontade de tocá-la, só para ver se era mesmo real. Ela sentia o mesmo, a mesma necessidade de tocá-lo, sentí-lo, tê-lo. Olhar ja não era mais o suficiente.
  A moça o fez, tocou tímidamente sua mão e sorriu com a sensação que aquilo lhe trouxe. Por impulso chegou mais perto, perto o suficiente para sentir seu cheiro de chuva, menta, árvores e tarde de Abril.
  Sem tirar os olhos dela, ele quis tocar seu cabelo ruivo até a cintura, com ondas de um mar de fogo. Tirou seu cabelo dos olhos, revelando a sua cor de um verde mais profundo que as águas do Pacífico. Sentir que a mulher diante dele era real , trouxe-lhe um misto de alívio e prazer. Não havia mais nada que o prendesse na terra, só aqueles olhos grandes e aquele cheiro de Primavera.
  Ela suspirou com o toque e sentiu suas bochecas ficando quentes e coradas. O rapaz com a pele tão branca quanto a neve riu baixo e fechou os olhos para sentí-la com mais intensidade. A pequena tocou seus olhos fechados, sorrindo. O som do seu sorriso fez com que o mocinho de Abril abrisse os olhos e sorrisse para a moça. Ele lhe deu um beijo eterno de 4 segundos na testa que a fez estremecer.
Não havia mais motivos para esperar, eles estavam tão perto... De repente Outono e Primavera estavam juntos, deixando a frieza do inverno de lado, e ficou evidente o motivo de estarem ali. Eles pertenciam um ao outro.
-Paraíso. - murmuraram juntos.
  O beijo que sucedeu o abraço paradisíaco foi intenso, demorado e frenético. Nada mais era necessário.
  Eles estavam no Paraíso.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012


Quando você encontra alguém pela primeira vez, você descobre que ela gosta de você antes de tudo. Um amigo de um amigo dessa pessoa diz que ele ou ela gosta mesmo de você e isso te mata, te derrota, te joga no chão. ”Você precisa se levantar do chão e daí você pega o telefone da pessoa e liga logo pra ela e você diz ‘é, foi uma boa conversa por telefone, será que eu posso te ver um dia desses?’. E aí ela diz isso, ela diz: ‘eu gostaria’. ‘Eu gostaria’ faz você cair no chão de novo. Seu coração está preste a parar por causa do ‘eu gostaria’. Não há nada melhor do que ‘eu gostaria’. Então agora sua pressão sangüínea não está normal. Você está a 7 palmos abaixo da terra. Você não consegue dormir por causa de ‘eu gostaria’.Então daí vocês saem juntos por um tempo e vocês se ligam e conversam no telefone o tempo todo e daí você joga a bomba ou o que parece ser a bomba. Você diz, ‘sabe de uma coisa? Eu tenho pensado muito em você’. E ela fica tipo ‘haaaaugh!’. E você pergunta ‘o que foi?!’ e ela: ‘desculpe. Eu só… eu só… eu só… É que - eu tenho pensado muito em você também’. BAM! Voando mais alto através do céu. Mas agora, ‘eu gostaria’? Já era! Agora o negócio é ‘estou pensando em você’.Depois, qualquer que seja o número de meses que passe, dizer isso te traz conforto, você diz ‘preciso te dizer uma coisa’. Aí ela: ‘o quê?’. Você diz ‘eu estou apaixonado por você’. E nada no mundo soa melhor do que ‘eu estou apaixonado por você’. E daí talvez ela comece a chorar ou talvez ele faça ‘huuugh!’. E daí de repente você fica tipo ‘tá pra mim’. Mas agora, o que não funciona? ‘Eu gostaria’ e ‘eu tenho pensado em você’. Agora nós estamos em ‘eu estou apaixonado por você’. E então talvez algum dia nós iremos para ‘eu te amo’ (…)”

Eternos dois segundos.


Acho tão bonito casais que duram. Não importa o tempo, o que vale é a intensidade. Querer estar junto vale muito mais do que estar junto há 20 e tantos anos só por comodidade. Sei que estou falando obviedades, mas hoje vi um casal de velhinhos na rua. Acho que o amor, quando é amor, tem lá suas dores bonitas. A gente vê uma cena e o coração fica emocionado. Nos dias de hoje, com tanta tecnologia, com tanta correria, com tanta falta de tempo, com tanto olho no próprio umbigo e nos próprios problemas, com tanta disputa pelo poder, pelo dinheiro, por ter mais e mais, sei lá, acho bonito ver um casal de velhinhos na rua. A mão, enrugadinha, segura a outra mão. A outra mão, por sua vez, segura uma bengala. Falta equilíbrio, sobra experiência. Falta a juventudade, sobra história para contar. Falta uma pele lisa, sobram marcas de expressão que contam segredos. Envelhecer não é feio. Em tempos de botox, a gente devia olhar um pouco para dentro. De si. Do outro. Do amor.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012


Quando Liesel chegou ao alto da Rua Himmel, olhou para trás, bem a tempo de vê-lo parado em frente à baliza improvisada mais próxima. Estava acenando.
– Saukerl – riu a menina, e, ao levantar a mão, soube perfeitamente que, ao mesmo tempo, ele a chamava de Saumensch. Acho que isso é o máximo que as crianças de onze anos podem se aproximar do amor.
”                                                            

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012



Desisti. E isso é a coisa mais triste que tenho a dizer. A coisa mais triste que já me aconteceu. Eu simplesmente desisti. Não brigo mais com a vida, não quero entender nada (..) Chega. Não quero mais ser feliz. Nem triste. Nem nada. Eu quis muito mandar na vida. Agora, nem chego a ser mandada por ela. Eu simplesmente me recuso a repassar a história, seja ela qual for, pela milésima vez. Deixa a vida ser como é. Desde que eu continue dormindo. Ser invisível, meu grande pavor, ganhou finalmente uma grande desimportância. Quase um alivio. I don’t care.

"Se algumas pessoas se afastarem da sua vida, não fique triste. É apenas a resposta da oração, quando pedimos: "Livrai-nos de todo mal."


quinta-feira, 12 de janeiro de 2012


Sou um animal sentimental, me apego facilmente ao que desperta meu desejo. Tente me obrigar a fazer o que não quero e cê vai logo ver o que acontece. Acho que entendo o que você quis me dizer mas existem outras coisas. Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade, tudo está perdido mas existem possibilidades. Tínhamos a idéia, mas você mudou os planos. Tínhamos um plano, você mudou de idéia. Já passou, já passou - quem sabe outro dia… Antes eu sonhava, agora já não durmo. Quando foi que competimos pela primeira vez? O que ninguém percebe é o que todo mundo sabe. Não entendo terrorismo, falávamos de amizade não estou mais interessado no que sinto, não acredito em nada além do que duvido. Você espera respostas que eu não tenho, mas não vou brigar por causa disso. Até penso duas vezes se você quiser ficar minha laranjeira verde, por que está tão prateada? Foi da lua dessa noite, do sereno da madrugada? Tenho um sorriso bobo, parecido com soluço, enquanto o caos segue em frente com toda calma do mundo.

O tempo - Móveis Coloniais de Acaju.




A gente se deu tão bem
Que o tempo sentiu inveja
Ele ficou zangado e decidiu
Que era melhor ser mais veloz e passar rápido pra mim
Parece que até jantei
Com toda a família e sei
Que seu avô gosta de discutir
Que sua avó gosta de ouvir você dizer que vai fazer
O tempo engatinhar
Do jeito que eu sempre quis
Se não for devagar
Que ao menos seja eterno assim
Espero o dia que vem
Pra ver se te vejo
E faço o tempo esperar como esperei
A eternidade se passar nos dois segundos sem você
Agora eu já nem sei
Se hoje foi anteontem
Me perdi lembrando o teu olhar
O meu futuro é esperar pelo presente de fazer
(...)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Escrever é falar sem nada dizer.


Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto - e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente. Mas é um vazio extremamente perigoso: dele arranco sangue. Sou um escritor que tem medo da cilada das palavras: as palavras que digo escondem outras - quais? Talvez as diga. Escrever é uma pedra lançada no fundo do poço.