terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O que um dia foi meu.


Ele pode estar olhando tuas fotos neste exato momento. Por que não? Passou-se muito tempo, detalhes se perderam. E daí? Pode ser que ele faça as mesmas coisas que você faz escondida, sem deixar rastro nem pistas. Talvez, ele passa a mão na barba mal feita e sinta saudade do quanto você gostava disso. Ou percorra trajetos que eram teus, na tentativa de não deixar que você se disperse das lembranças. As boas. Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ele pode pensar em você. Todos os dias. E, ainda assim, preferir o silêncio. Ele pode reler teus bilhetes, procurar o teu cheiro em outros cheiros. Ele pode ouvir as tuas músicas, procurar a tua voz em outras vozes. Quem nos faz falta, acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta. Não há escape. Talvez, ele perceba que você faz falta e diferença, de alguma forma, numa noite fria. Você não sabe. Ele pode ser o cara com quem passará aquele tão sonhado verão em Paris. Talvez, ele volte. Ou não.

domingo, 3 de novembro de 2013

A Física e o Amor.


"Ouvi dizer que existe uma qualidade dos átomos que os físicos quânticos chamam de entanglement. A tradução não me ocorre agora, mas é algo como entrelaçamento. Não sei explicar com detalhes, mas, em resumo, se dois átomos iguais ou da mesma origem são separados, o efeito que se provocar em um deles é imediatamente sentido pelo outro, não importa a distância entre eles.
Eu pensava nisso ontem e hoje, mergulhado no mar geladíssimo, imaginando que não importava em que praia você estivesse, pois o mar nos unia: que você sentisse o mesmo prazer que eu sentia me bastava.
Então, apoiado na física – que parece saber mais sobre o amor do que toda a psicologia – concluí que nem era preciso que você estivesse no mar: eu mesmo levaria o mar até você, de tal modo nos sinto entrelaçados.
Finalmente, conjecturei que talvez tudo entre nós seja muito mais simples e irremediável: somos feitos dos átomos da mesma estrela que explodiu há milhões de anos e se espalhou por aí, mutável e eterna…"

quarta-feira, 9 de outubro de 2013


“Amor não se pede, é uma pena. É uma pena correr com pulinhos enganados de felicidade e levar uma rasteira. É uma pena ter o coração inchado de amar sozinha, olhos inchados de amar sozinha. Um semblante altista de quem constrói sozinho sonhos. Mas você não pode, não, eu sei que dá vontade, mas não dá pra ligar pro desgraçado e dizer: ei, tô sofrendo aqui, vamos parar com essa estupidez de não me amar e vir logo resolver meu problema? Mas amor, minha querida, não se pede, dá raiva, eu sei. Raiva dele ter tirado o gosto do mousse de chocolate que você amava tanto. Raiva dele fazer você comer cinco mousses de chocolate seguidos pra ver se, em algum momento, o gosto volta. Raiva dele ter tirado as cores bonitas do mundo, a felicidade imensa em ver crianças sorrindo, a graça na bobeira de um cachorro querendo brincar. Ele roubou sua leveza mas, por alguma razão, você está vazia. Mas não dá, nem de brincadeira, pra você ligar pro cara e dizer: ei, a vida é curta pra sofrer, volta, volta, volta. Porque amor, meu amor, não se pede, é triste, eu sei bem. É triste ver o Sol e não vê-lo se irritar porque seus olhos são claros demais, são tristes as manhãs que prometem mais um dia sem ele, são tristes as noites que cumprem a promessa. É triste respirar sem sentir aquele cheiro que invade e você não olha de lado, aquele cheiro que acalma a busca. É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. Tanto amor querendo fazer alguém feliz. Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto amargurado. É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer, implorar. É triste lembrar como eu ria com ele. Mas amor, você sabe, amor não se pede. Amor se declara: sabe de uma coisa? Ele sabe, ele sabe.”

sábado, 7 de setembro de 2013


Eu chorei porque eu te amo mas eu não sei amar. Eu chorei porque eu sempre canso de tudo e tudo sempre cansa de mim. Chorei de cansaço profundo de sempre cansar de tudo e tudo sempre cansar de mim. Chorei de apego ao cheiro do novo e principalmente de melancolia pelo cheiro do velho. E chorei porque tudo envelhece com novos cheiros e a vida nunca volta. Eu chorei de pavor da rotina, de pavor do fim, de pavor de sair da rotina e começar outros fins.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

se não consegue jogar, tente um jogo mais fácil.


Porque um dia a gente descobre que apesar de vivermos quase um século, esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos nem para dizer tudo o que tem que ser dito. O jeito é: ou nos conformamos com a falta de alguma coisa na vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras. Quem não compreende um olhar tampouco entenderá uma longa explicação.

isso não faz sentido algum, Alice.



A senhora me desculpe, mas no momento não tenho muita certeza. Quer dizer, eu sei quem eu era quando acordei hoje de manhã, mas já mudei uma porção de vezes desde que isso aconteceu. (…) Receio que não possa me explicar Dona Lagarta, porque é justamente aí que está o problema: Posso explicar uma porção de coisas… Mas não posso explicar a mim mesma.
                                                                                                      — Alice No País das Maravilhas.

segunda-feira, 29 de julho de 2013



sexta-feira, 28 de junho de 2013

Um punhado de cacos.




A pior batalha para se perder, é a que guerreamos contra nós mesmos. Não há sensação mais desconsertante que a de olhar-se no espelho e ver apenas o reflexo de um monte de cacos desiguais. Depois disso, o que nos resta? Aceitar a derrota é a parte mais medíocre e suja de toda a batalha. E aí voltamos ao campo de guerra e recolhemos cara pequena parte do que já fomos um dia, a fim de nos reconstruir. Nunca fica como estava antes, mas ter a coragem de tentar ser alguém melhor, é um começo.

segunda-feira, 27 de maio de 2013


Sabe o que eu queria? Que ele admitisse que me ama tanto quanto eu o amo e parasse com essa história que não quer nenhum tipo de relacionamento e blá blá blá. Queria que ele parasse de agir como um garoto e que aceitasse o que sente. Eu sei que sente. Ele não entende que vai perder? E aí? Ele acha que essa história de só me ter aos fins de semana vai durar até quando? Ah, por favor! Garotos me tem assim. Garotos mimados que só fazem o que querem. Até eu cortar essa manha e fazer greve outra vez, aí eu quero ver. Greve de amor. Com cartaz e tudo. Bater panela na sala. Agir como uma garotinha, já que ele está se portando como um bebê mimado. (...)

Cartas para Romeu.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

aqui, aí.

                                        
Eu sei que você está aí, não me pergunte como, eu só sei. E é por isso que eu estou aqui.
Mesmo com o mundo todo caindo lá fora, eu estou aqui pra você. Mesmo com todos esses desencontros, esses dias conturbados, essas histórias malucas... Ainda estou aqui. É uma loucura eu ainda estar te esperando por todo esse tempo, eu sei, mas não iria a lugar algum sem você segurando minha mão, nem mesmo até a esquina para comprar um cigarro ou um jornal... e além disso, é aqui que eu quero estar. Perto. Junto. Olhando pra você. 
Acho que deixei de pertencer a qualquer outro lugar do mundo e agora só faço parte do seu mundo. Tantos risos que eu poderia escutar, tantos olhares que poderiam cruzar com o meu, tantos  mundos que eu poderia descobrir, tantas cores que eu poderia ver e tudo o que eu quero é ficar aqui. Ouvir seu riso, cruzar seu olhar, fazer do seu mundo o meu mundo e ter todas as suas cores para mim.